A difícil relação Agra, Cartaxo e Ricardo (PT/PSB) e a prefeitura de João Pessoa

O processo de transformação por que passa a cidade de João Pessoa, seja na gestão ou nas políticas públicas de habitação, cultura e lazer, urbanização, transporte e saúde, é resultado da atuação de um conjunto de forças políticas e sociais advindas de um campo de centro-esquerda, que tiveram, e ainda tem, Ricardo Coutinho como maior representante. Entretanto, inúmeras pessoas e figuras públicas foram fundamentais para a elaboração e operacionalização destas idéias e ações, transformando-as em realidade. Sem estas pessoas vários projetos ficariam apenas no papel.

Esta transformação não possui um dono ou mentor, seja uma pessoa, um partido ou uma entidade. Pelo menos este é o ponto de partida e condição de existência. O projeto em curso tem a marca da construção coletiva, do aperfeiçoamento contínuo e do movimento. Por isso, falar de um representante maior, desta frente de vários partidos, políticos e organizações.

Assim, quando vemos pessoas que tiveram papel relevante, que doaram esforço, emoção, e desprendimento e que foram de significativa influência para a construção e implementação desta transformação serem negadas no seu papel de representante, partícipe e construtora deste processo, ficamos a se perguntar: quando e quem patenteou esta transformação? Quando e quem registrou esta idéia?

Apenas o conceito de propriedade explica porque verificamos pessoas serem “escanteadas”, desrespeitadas e “expulsas” de um processo que não tem dono, mas adeptos, membros e participes. Esse “projeto” não é apenas de Ricardo ou do PSB, é de várias pessoas e entidades. Assim, como João não é apenas filho de Maria, mas também de José.

Pessoas como Bira, Nonato Bandeira, Luciano Agra e mesmo o Luciano Cartaxo tem sim, identidade como esta transformação. Não se pode dizer que eles construíram um projeto de outrem, mas sim que eles construíram esse projeto COM outrem. Deste modo, eles se apresentam como uma opção para continuidade e aperfeiçoamento desta transformação, pois construíram e/ou sustentaram tudo isso. Eles foram formados na mesma escola política, na mesma tradição e fazem parte do mesmo campo político-partidário.

Por todos estes fatos, há alguns desvios de rota, desencontros e mal-entendidos que precisam ser trabalhados por todas as partes envolvidas.

A postura de oposição, e mais, oposição radical ao Governo do Estado por parte de Luciano Cartaxo e de carona, em relação à Prefeitura de João Pessoa, era e é uma opção perigosa, incoerente e desnecessária desde o princípio. Agravada pelo aceite de Agra e Nonato em sua campanha. Qual a razão de ser desta oposição? Principalmente quando ele passa a mão na cabeça de Zé Maranhão, por quem ele foi humilhado e escanteado. Talvez essa seja a oportunidade de reflexão.

A postura de Ricardo Coutinho de querer se apropriar deste processo de transformação como se fosse apenas de sua autoria e propriedade soa incoerente e preocupante. Agravado pela entrega do projeto a membros do DEM, PSD e PSDB. São estes que melhor representam essa transformação? Descobriram agora que Bira e companhia não constroem com qualidade esse projeto?

Essa postura é conseqüência da condução equivocada que o PSB fez da postulação de Agra. Os acontecimentos corroboram cada vez mais a noção de que o partido, com aval do presidente de honra, Ricardo, queria ver o prefeito pelas costas. E diante de sua carta-renúncia tratou logo de substituí-lo e esquecê-lo, pois era uma pedra no caminho. Nem um pedido de desistência da renúncia foi ao menos tentado. Esse processo está levando o partido e seus membros, alguns, a cultivar as noções: ou está comigo ou está contra mim; os fins justificam os meios.

Resumo do quadro: o atual prefeito da transformação apóia Cartaxo que se coloca como oposição ao ex-prefeito da transformação, que por sua vez, apóia Estela e acredita no DEM/PSD como melhores membros para continuidade do projeto.

Tudo ainda está muito confuso para o eleitor.

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